Na orgia de voyeurismo: AMEI NOVA YORK

Quando escrevo pergunto-me sempre da razão de o fazer. Mas a narrativa permite voltar aos momentos emocionais experimentados. Portanto, para alem do prazer de escrever existe também este lado voyer e Nova York é uma orgia de voyerismo.

Quem nunca desejou estar em Nova York? Não existe lugar melhor para realizar todas essas fomes. As combinações são infinitas, desde o romântico Central Park até ao extravagante East Village, Nova York tem todos os vaticínios da grande metrópole sui generis. É uma cidade de uma beleza muito peculiar. A metrópole onde os turistas só se distinguem dos locais por andarem constantemente a olhar para o céu. Encontramos uma cidade grande em tudo, até na simpatia da sua população, o que nos deixa intrigados. Tanta gente, tanto tráfego, num caos de gente e paradoxalmente organizado?

Ultrapassando os oito milhões de habitantes Nova York[1] é uma cidade que não pára no tempo. A ilha de Manhattan[2] delimitada a oeste pelo Rio Hudson e a leste pelo Rio East é a área mais turística e o centro financeiro e comercial da cidade. O seu sistema de transporte público actua todos os dias de forma integral. Isto fez com que a cidade fosse apelidada de The City That Never Sleeps (A Cidade Que Nunca Dorme). O plano urbano de Manhattan é inteligente e fácil para qualquer um se poder orientar, consiste basicamente em avenidas, que correm na direcção norte-sul ou sul-norte, e ruas, que correm na direcção leste-oeste ou oeste-leste.


Andar a pé é uma delícia em Nova York, as calçadas não tem buracos, são planas e acabamos por não nos apercebermos dos quarteirões andados na maior das tranquilidades. Mesmo em Times Square pode-se andar a qualquer hora, até porque o local está bem policiado e lotado de turistas, o que não quer dizer que não se deva tomar as devidas precauções.

Originalmente colonizada por holandeses, que lhe chamaram Nova Amesterdão, tendo sido um dos principais destinos de imigrantes, oriundos de todas as partes do mundo, Nova York tornou-se uma cidade altamente cosmopolita e uma das mais diversificadas em termos étnicos e raciais do mundo. Apesar dos grandes conflitos do passado com as suas altas taxas de criminalidade e conflitos raciais, estando na sua presença, in loco, denota-se uma imperturbabilidade jacente, tanto que segundo as estatísticas as taxas de criminalidade e o número de conflitos raciais caíram drasticamente, nunca, em momento nenhum, me senti ameaçado.

A maioria dos visitantes de Nova York, provavelmente, entrará na cidade por um dos três aeroportos, o La Guardiã, o Aeroporto John F. Kennedy, também conhecido como JFK, ou o Aeroporto de Newark, entrei por este último localizado em Nova Jersey. A aproximadamente 24 km de Manhattan, o trajecto fez-se de uma maneira rápida, apesar do muito trânsito a fluidez acontece. No caso, optei por utilizar aquilo que considerei a melhor opção de transporte. Dirigi-me ao Ground Transportation Desk (balcão de transporte terrestre), informei para que hotel queria ir em Manhattan e foi extremamente simples, era como estivesse um táxi à minha espera. Tratava-se de uma carrinha, de nove lugares, com todas as condições de habitabilidade que nos deixou à porta do hotel em menos de 30 minutos e ainda por cima relativamente barato, comparando com o valor dos nossos táxis.


A DENTADA
Depois de instalados e com fome de dar uma dentada enorme na Grande Maça! Eis que me dirijo ao The Museum of Modern Art-MOMA. O MoMA, a catedral invisível da arte, um prédio espectacular com a assinatura do arquitecto Yoshio Taniguchi[3], oferece-nos um fabuloso acervo. Aqui está instalada a maior colecção do mundo de arte moderna. A comoção é grande, ficamos frente-a-frente com Chagall, Cézanne, Van Gogh, Gustave Klint, Magritte, Picasso e muitos outros.


O “banho” de arte é descomunal. A arte tem sido, sem hesitações, um meio de estimular a imaginação e a criatividade. Actividade que supõe a criação de sensações ou de estados de espírito de carácter estético carregados de vivência pessoal e profunda. Em MoMA sentimos essa capacidade criadora. Também o Guggenheim Museum nos deslumbra com a sua opulenta colecção de arte moderna e contemporânea e é, ele mesmo, uma obra-prima, criada por Frank Lloyd Wright[4]. Subindo a sua grande rampa em espiral vamos tendo acesso às amostras que apresentam artistas do século XIX até a actualidade, como Chagall, Kandinsky, Klee, Léger, Miró, Picasso e van Gogh.


De estupefacção em estupefacção, Nova York brinda-nos com tudo. Como é que era possível!? Existe algumas formas de se ver Manhattan mas esta estava longe de acreditar: não existe um passeio melhor em Manhattan do que o Staten Island Ferry. É só entrar no terminal de Manhattan, que faz a ligação entre Manhattan e Staten Island. Aconselho a quem lá vá que não perca esta, até porque se tem uma visão da cidade incrível. Nesta singular viagem, a mais económica do mundo, completamente gratuita, funcionando 24 horas por dia, saindo a cada 30 minutos, para além de toda a beleza que se visiona em redor no seu percurso, temos a oportunidade de presenciar a famosa Estátua da Liberdade, essa famigerada representação doada ao povo americano pelo povo francês,
[5] há mais de 100 anos, em reconhecimento à amizade estabelecida durante a Revolução Americana. Bem! Com exactidão fiquei um pouco decepcionado, está-se à espera de algo mais monumental, mas acabei por gostar dela assim mesmo. Apercebi-me, mais tarde, que também deveria ter feito este passeio ao anoitecer. Como pude constatar quando visitei o Empire State Building. Aproveitando a passagem do dia para a noite. Uhau! Aqui vislumbra-se, no seu 86º andar, cinco estados: New Jersey, Pennsylvania, Connecticut, Massachusetts e, naturalmente, Nova York. A visita deve ser feita num dia de boa visibilidade, porque só assim se pode ter esta imensidão aos nossos olhos. Não abandone o local com a chegada do cair da noite, a mágica das luzes da cidade acendendo produz um espectáculo deslumbrante, poético, único.

Mas como é possível no meio de um banho de multidão, ao invés dum lugar bucólico, no meio da turba, sentirmos essa centelha poética e ímpar accionada pela mão do homem. 01H30, incrível, 38º centígrados e estou nesse espaço singular: Times Square, que significa "Praça dos Tempos", em virtude de um prédio com um relógio situado na avenida, é uma área notável pela sua vastidão de painéis luminosos (à noite deparamo-nos com um incrível show de luzes), teatros, restaurantes e lojas. Aqui neste espaço, nesta área comercial, todos os prédios são obrigados a permitirem a instalação de letreiros luminosos com o propósito explícito publicitário. Na “Esquina do Mundo”, convergência a que os nova-iorquinos dão a este espaço formado pelo cruzamento da Broadway com a 7ª Av., entre as Ruas 42 e 47, podemos observar os mais diversos rostos oriundos de diversas partes do planeta. Aqui, além dos incontáveis teatros, estão também o Museu de Cera Madame Tussaud, a mega loja de brinquedos Toys'R'Us, a loja da Swatch, o Planet Hollywood, as bilheteiras TKTS para ingressos com desconto na Broadway, a NASDAQ[6], uma das principais bolsas de valores do mundo, bem como os famosos estúdios MTV[7], entre tantos outros.

Cidade de muitos deslumbramentos e de muitas pontes, uma delas, a Brooklyn Bridge é a mais antiga e a mais famosa ponte de Nova York. Inaugurada em 1883 foi, durante muito tempo, a ponte mais extensa, e inovadora pelo uso de cabos de aço. Não a cruzar a pé para ver Manhattan a partir do Brooklyn é imperdoável. A vista da ponte é de uma beleza extrema, permiti-nos observar de perfil a cidade, ver o extremo sul da ilha e, ao longe, a Estátua da Liberdade. Muitos são os que a atravessam de bicicleta ou em patins o que dá muito jeito devido à sua extensão.

Uma deambulação a Nova Iorque que não inclua o Central Park não estará completa. Ele é imenso, tanto que a melhor maneira de visitá-lo é realmente seguindo os caminhos e procurando os pontos de referência, além disso sentimo-nos seguros naquela imensidão. Podemos escolher se a exploração será feita a pé, pedalando (podemos sempre alugar uma bicicleta), patinando, ou mesmo de charrete. Existe também a possibilidade, se for o caso, optar por passeios organizados, com guias turísticos. O parque tão amado dos nova-iorquinos mostra-se generoso aos visitantes. Por ali caminhamos a pé, ou alugando uma daquelas bicicletas de 2 lugares, pelas alamedas de árvores centenárias, parar para ouvir um som dos que estão tocando ao vivo, assistir a algum espectáculo no anfiteatro, fazer um picnic, apreciar os que dançam no ringue de patinagem, gente de todas as faixas etárias em cima de patins com uma destreza incrível, ou descansar num gostoso dia de sol? Deparei-me com uma multidão de gente num vasto espaço verde como estivessem numa das nossas praias do Algarve em pleno Agosto! Com toalha estendida e fato de banho. Em Nova York tudo é possível, até mesmo cavalgar como estivesse-mos a participar num filme. Imperdível.

Deparo-me com aquilo que já sabia de Nova York, a sua forte vivacidade. Não percam uma visita ao Grand Central Terminal, muitas vezes chamada de Grand Central Station, é o maior terminal ferroviário do mundo em número de plataformas. O edifício, todo ele, é deslumbrante. A fachada de colunas e as estátuas de Hércules, Minerva e Mercúrio contornam um belo relógio. O Salão Principal (Main Concourse) com as suas três grandes janelas de 23 metros de altura presenteia-nos no seu tecto com a pintura do céu e suas constelações que, curiosamente, foram reproduzidas invertidas. Subir e descer as suas belíssimas escadarias é como tivéssemos a caminhar dentro de um palácio.

Esmagados mas não entediados, cansados mas motivados, a fome da novidade não se afastava. Estar em Nova York pela primeira vez torna-nos grandiloquentes e grandiloquente é um dos símbolos do poder e da riqueza de Nova York, o Rockefeller Center. Não pensem que vamos estar num local de enormes dimensões, trata-se de um quarteirão que diria até modesto para aquilo que ouvimos, todavia, sente-se, vive-se aqui algo de fantástico. Deparamo-nos com uma área de lojas e restaurantes famosa, pelas estátuas de Prometheus e Atlas. E, curiosamente com uma loja de roupa que dá pelo nome Anthropologie, uma loja precursora do hippie chic. Só mesmo Nova York me podia presentear com este mimo. Foi preciso estar aqui para ver uma loja com o nome de uma ciência que se ocupa do estudo do ser humano, tendo em conta a sociologia, a etnologia, a história e a psicologia social em geral. De deslumbramento em deslumbramento lá vamos nós a mais um pedaço desta mega cidade.

Ir a Nova York e não ir conhecer um dos espaços emblemático, mas, em minha opinião, de alguma maneira lúgubre como Chinatown ou deverei dizer, a Canal Street? Sim! Todos os turistas ficam por Canal Street quando dizem ir para Chinatown. E o que encontramos em Canal Street? Uma enorme rua onde, de um lado e de outro se vendem relógios, perfumes, malas e toda uma parnefália de bijutarias. Diversas bancas de peixe, mariscos e legumes frescos. Muitas lojas com produtos típicos oriundos da China, chá, louças, peças de marfim, jade, cabines telefónicas em forma de pagode, e uma quantidade de restaurantes com pratos típicos de Cantão e Xangai.

Com facilidade, destacando-se de toda esta balbúrdia, observamos à nossa volta uma visão de milhares de bolsas penduradas em lojas muitas vezes minúsculas. Estas bolsas podem ser divididas em duas categorias: as cópias e as falsificações. Quem quer uma cópia encontra em qualquer lojinha, não precisa de pensar muito. Quando estamos interessados em alguma peça convém não mostrar muito entusiasmo, procurando não fechar de imediato o negócio, é preciso regatear à boa maneira marroquina e logo se consegue um preço mais razoável, normalmente pedem sempre um valor acima do realmente pretendido.

Segundo experiências de algumas pessoas com quem dialoguei, houve tempo em que se encontrava com facilidade as falsificações nas ruas perpendiculares, actualmente assim já não é. O que nos deparamos é com algo um pouco divergente: Discretamente (?) homens e mulheres perguntam-nos se estamos interessadas em adquirir malas diferentes daqueles que estão expostas nas bancas. Aqui o “diferentes” trata-se de modelos e marcas ditos o último grito da moda (escutamos algumas palavras nem sempre inteligíveis, dizendo "Prada", "Gucci", "Vuitton" entre outras. Mas aqui é necessário despender mais alguns dólares do que aqueles que são pedidos ali na rua, sendo que é preciso uma certa audácia, eu diria mesmo correr alguns riscos. Aceitar acompanhar uma destas pessoas implica uma experiência digna de um filme policial. Terá que caminhar por becos e ruelas, portas e corredores, com chineses aos gritos nos comunicadores, outros a cochichar pedindo momentos de silencio, luzes que se apagam e nunca se saindo por onde se entrou. Achei no mínimo insólito esta Chinatown!

Outras paragens nos aguardam. Há milhões de coisas para se fazer em Nova York. Desde deambular sem nada de pré estipulado, apreciando a cidade, vendo lojas, prédios, pessoas e elas são aos milhares, a maneira como olham se vestem, caminham, se riem, a suas sonoridades, as tendências, enfim, um milhão de vicissitudes que nós seres humanos avaliamos. E eis que nos encontramos no SoHo, forma abreviada de South of Houston. Aqui tudo é fashion, aqui tudo é trendy, aqui tudo é casual. Aqui não há centros comerciais. Em cada esquina vemos Armani, Prada, Gucci, Zegna, sem ficar com aquela sensação proibitiva, tudo parece ser para toda a gente, pelo menos até olharmos para a etiqueta do preço. Aqui estamos na Meca da moda de vanguarda, das lojas badaladas. Como é que um distrito que fora uma zona industrial abandonada transmite tanto charme? Aqui domiciliam-se muitos artistas habitando os fabulosos lofts e expondo nas galerias de arte.

De deambulação em deambulação a oferta cultural é imensa. Neste espectáculo para os nossos olhos não se pode perder uma visita ao Harlem, conhecido por ser um grande centro cultural e comercial dos afro-americanos. É preciso assistir a um aspecto interessantíssimo da cultura negra e delirar com um concerto sensacional de música Gospel[8], com as suas mensagens de paz e harmonia, aos domingos! Escutamos vozes no mínimo impressionantes! Grandes intérpretes da música norte-americana começaram assim, como cantores de gospel nas igrejas. É o caso de Mahalia Jackson, Bessie Smith e Aretha Frankelin, além de Ray Charles. É no mínimo enternecedor ver chegar senhores vestidos de fato violeta, chapéu violeta, óculos escuros, bengala na mão e de braço dado com senhoras tamanhos XXL, elas de chapéu preto, e com os seus petizes pela mão.

De curiosidade em curiosidade, muitas são as preciosidades desta cidade, os aficionados por xadrez levam o jogo para as ruas. Sim. Vêem para a rua jogar. A Meca do xadrez outdoor em Nova York fica em Washington Square Park, no coração de Greenwich Village, onde o campeão mundial Bobby Fischer iniciou sua carreira nos anos 50. Mas não ficamos por aqui, por toda a cidade são várias as feiras de rua realizadas nos verões de Nova York. Em pleno coração nova-iorquino, ao longo de toda a 6ª avenida, assisti a uma grandiosa feira de domingo, oferecendo uma variedade de objectos onde, nalgumas tendas, encontramos deliciosos petiscos e uns espectaculares sumos naturais feitos ali à nossa frente.

Segundo pude apurar a maioria dos nova-iorquinos não vão a restaurantes a não ser em datas especiais e facilmente entendemos porquê. É facílimo gastar num jantar por pessoa, sem vinho, qualquer coisa como 60 euros. Se a opção incluir uma garrafa de vinho então o valor duplica. Para estes valores muito contribui a gorjeta obrigatória. No estado de Nova Iorque a gratificação imposta por lei está estabelecida nos 15%, mas muitos estabelecimentos apresentam valores acima destes 15%.

Mas existe sempre alternativas e uma delas aconselho vivamente, esqueci completamente que existiam McDonald's, descobrindo os Deli. Os Deli são estabelecimentos de rua onde encontramos uma grande variedade de oferta, funciona como buffet, ali encontramos de tudo, carne, peixe, saladas muito variadas, frutas, doces e com espaço para nos sentar-mos a comer, ou querendo para levar consigo. Consegue-se uma boa refeição por pouco mais de 14 euros sem vinho. Aqui também se ingere uns bons pequenos-almoços, têm sempre umas sandes excelentes e variadas e uns sumos de laranja bem deliciosos a um preço razoável.

Deixando a gastronomia, efervescência é a palavra que encontro para esta cidade de ritmo alucinante. Símbolo de uma arquitectura que marca pela imponência e grandiosidade, de museus inigualáveis Nova York não dorme, não descansa. Esta cidade marca-nos de uma maneira inaudita. Cidade amada mas também muitas vezes glosada, o seu poder, o seu dinamismo, a sua diversão, faz de Nova York um marco inalterável de uma cultura que muitos criticam mas todos visitam.

De todos os mapas, de todos os troços, de todos os percursos que possa aqui enumerar, ficará sempre muitos por narrar, até porque nesta cidade podemo-nos dar ao luxo, tal é facilidade de a percorrer, entregarmo-nos à bússola dos sentidos. Ficará sempre a faltar uma 2ª de mão, talvez em pleno inverno.
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[1] Folheando a sua origem histórica, Nova York, desde sua descoberta por Giovanni da Verrazano em 1524, até aos nossos dias, apresenta-se justamente como a cidade mutante. O navegador italiano pode ter sido o primeiro europeu a explorar a região de Nova York, mas foram os colonos holandeses que verdadeiramente começaram a construir a cidade. Não rendendo o esperado, em 1664, a Holanda deixou que os Ingleses a tomassem, baptizando-a com o nome de Nova York.
[2] Manhattan era uma ilha coberta de florestas e habitada pelos índios Algonquianos, sendo adquirida pelo governador Peter Minuit, um tirano, aos índios Algonquianos em 1626, pelo equivalente a $24 em quinquilharias.
[3] Yoshio Taniguchi é conhecido por seu estilo austero e avesso a qualquer ostentação. É autor de projectos que resgatam ideias como a de que a funcionalidade deve vir acima de tudo na concepção de um edifício. O MoMA, embora monumental, a sua principal marca é a sobriedade. Ao longo de décadas, o MoMA passou por diversas ampliações para acomodar um acervo em constante expansão. Mas o resultado da mais formidável dessas reformas foi o novo prédio que é uma estrutura com espaços amplos e linhas que parecem se diluir no ar. A nova sede minimalista e transparente de um dos mais importantes museus do mundo, com a assinatura de Taniguchi é espantosa, são dele estas palavras: "Dêem-me um monte de dinheiro e eu lhes darei boa arquitectura. Dêem-me ainda mais dinheiro e eu farei a arquitectura desaparecer", costuma brincar Taniguchi, referindo-se à sua preferência por linhas discretas e pelo mínimo de detalhes.
[4] Frank Lloyd Wright, considerado um dos mais importantes arquitectos do século XX, projectou com grande arrojo um prédio de seis andares cuja forma de espiral tem um cunho inovador. O audacioso projecto encomendado pelo empresário e coleccionador Solomon R. Guggenheim (1861-1949) foi a primeira construção de Wright na cidade de Nova York. As paredes do edifício são inclinadas para fora porque, Guggenheim e Wright eram da opinião de que, se as pinturas estivessem ligeiramente inclinadas para trás seriam vistas segundo uma melhor perspectiva e estariam melhor iluminadas.
[5] Para comemorar os 100 anos da Declaração da Independência Americana, foi escolhido para fazer o desenho da escultura (1876) o escultor Frederic Auguste Bartholdi. Já para resolver questões estruturais associadas ao design, como a enorme estrutura de cobre, foi contratado Alexandre Gustave Eiffel (designer da Torre Eiffel). Consistindo num um projecto de cooperação mútua, América e França concertaram que o povo americano construiria o pedestal e os franceses seriam responsáveis pela montagem nos Estados Unidos. Com as finanças de ambos os países não estavam no seu melhor, para angariar o dinheiro necessário para avançar, a França utilizou impostos e várias formas de angariar, nomeadamente espectáculos de entretenimento e lotaria. Também os Estados Unidos organizaram espectáculos, exibições de arte, leilões entre outros de modo a providenciar os fundos necessários para levar a avante este projecto. Até Joseph Pullitzer (conhecido pelo prémio Pullitzer), abriu o editorial do seu jornal "The World” para apoiar este projecto, sendo que a sua campanha veio a revelar-se muito bem sucedida. Concluída a estátua em Julho de 1884, chegou a Nova York a bordo da fragata francesa "Isere". Por curiosidade, para o trajecto, a estátua foi reduzida a 350 peças e encaixotada em 214 volumes. Demorou quatro meses para ser remontada. Na sua coroa existe 25 janelas, simbolizando as pedras preciosas encontradas na terra e os raios celestes brilhando sobre o mundo. Os sete raios da coroa simbolizam os sete mares e continentes. A placa que carrega na mão esquerda tem escrito 4 de Julho de 1776 em algarismos romanos. O peso total de cobre da estátua é de 31 toneladas e o peso total de ferro, 125 toneladas. O peso total da fundação, em concreto, é 27 mil toneladas.
[6] North American Securities Dealers Automated Quotation System.
[7] Music Television. A MTV começou em Nova York em 1981, e tornou-se disponível para a maioria dos Estados Unidos na metade dos anos 80 com a expansão nacional do cabo. Quando a MTV chegou à Europa era transmitida para todos os países europeus apenas uma MTV [MTV EUROPE], mas no início da década de 2000 foi feita a separação das MTV para todos os países. Como a MTV Portugal, MTV Espanha. E assim começou a passar música portuguesa na MTV.
[8] Gospel em português significa "evangelho". A música gospel é escrita e executada, hoje em dia, por muitos motivos, desde o prazer estético, com motivo religioso ou cerimonial, ma também como um produto de entretenimento para o mercado comercial. Contudo, o tema principal na maioria das músicas gospel é um género musical contendo mensagens bíblicas, de forma directa e/ou indirectamente. O início de notoriedade deste estilo musical teve origem afro-americana, nascida nas fazendas de escravos no sul dos Estados Unidos. Os escravos cantavam músicas religiosas com mensagens escondidas nas suas letras. As mensagens poderiam conter informações sobre terrenos, estradas e rios a evitar, quantos homens haviam a patrulhar essas mesmas estradas, rios, etc.. Canções cantadas pelos escravos presos, quando se sabia que havia escravos em fuga a fim de orientá-los rumo ao norte livre. Esse costume permaneceu quando os escravos foram libertados invadindo igrejas e templos afro-americanos por todos os Estados Unidos.

Fernando Baleiras